As glides do guineense: proposta de interpretação fonológica
Resumo
A existência de [j] e de [w] na estrutura fonética do guineense é consensual; no entanto, o estatuto fonológico destes segmentos não é claro, havendo apenas algumas propostas de interpretação fonológica destas unidades (Andrade, E., Gomes, A., e Teixeira, I. 1992; 2001). Assim, pretende-se, com este estudo, apresentar uma descrição do comportamento das glides do guineense e contribuir para o esclarecimento do estatuto fonológico destes segmentos. Tendo em consideração os estudos linguísticos já referidos e com base na análise dos dados da estrutura fonética, formular-se-ão hipóteses no sentido de averiguar se as realizações da estrutura de superfície correspondem a unidades fonológicas ou se podem ser obtidas por meio de processos fonológicos e apresentar-se-á uma proposta de interpretação fonológica destas unidades. A descrição proposta neste trabalho é apresentada de acordo com o modelo da Teoria Autossegmental: a descrição dos segmentos e dos processos fonológicos é representada segundo o modelo da Geometria de Traços (Ewen e van der Hulst 2001; Mateus e Andrade 2000). A análise dos dados levou à interpretação das glides fonéticas (i) como segmentos consonânticos quando ocorrem em início de palavra e em posição intervocálica, (ii) como realizações fonéticas de um segmento vocálico subjacente nos contextos em que se encontram em posição pré-vocálica antecedida de segmento(s) consonântico(s) e (iii) como glides sempre que ocorrem em posição pós-vocálica.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
Andrade, E., Gomes, A., & Teixeira, I. (1992). Observações sobre o Sistema Acentual do Crioulo da Guiné-Bissau (CGB). In E. d’ Andrade, & A. Kihm (Orgs.), Actas do Colóquio sobre Crioulos de base lexical portuguesa (135-140). Lisboa: Edições Colibri.
Chapouto, S. M. 2014. Contributo para a descrição de aspetos fonológicos e prosódicos do guineense. Dissertação de Mestrado, Universidade de Coimbra.
Clements, G. N., & Keyser S. J. (1983). From CV Phonology: A Generative Theory of the Syllable. In J. A. Goldsmith (Ed.), Phonological Theory: the essential readings, 185-200. Massachusetts: Blackwell Publishers.
Couto, H. H. do. 1994. O Crioulo Português da Guiné-Bissau. Hamburg: Helmut Buske Verlag.
Ewen, C. J., & Hulst, H. van der. (2001). The Phonological Structure of Words: An Introduction. Cambridge: Cambridge University Press.
Ferraz, L. I. (1979). The Creole of São Tomé. Johannesburg: Witwatersrand University Press.
Kihm, A. 1994. Kriyol Syntax: the Portuguese-based creole language of Guinea Bissau. Amsterdam: Benjamins.
Mane, D. 2001. Estudo comparativo entre a fonologia do crioulo guineense, a do manjaco, a do mancanha e a do Pepel. Papia, 11: 105-109.
Mane, D. (2007). Os crioulos portugueses do golfo da Guiné: Quatro línguas diferentes ou dialetos de uma mesma língua? Dissertação de doutoramento, Universidade de Brasília, Brasília. Disponível em http://repositorio.unb.br/handle/10482/3078 , acedido em 2 de outubro de 2012.
Mateus, M. H. M., & Andrade, E. d’. 2000. The Phonology of Portuguese. Oxford: Oxford University Press.
Scantamburlo, L. 1999. Dicionário do Guineense: Introdução e Notas Gramaticais (vol. 1). Lisboa: Edições Colibri / FASPEBI.
Apontamentos
- Não há apontamentos.
PAPIA
Revista Brasileira de Estudos do Contato Linguístico
e-ISSN: 2316-2767
ISSN: 0103-9415 (da versão impressa, descontinuada)
papia@usp.br
PAPIA é indexada no LATINDEX (http://www.latindex.unam.mx), no IBZ Online e na Linguistic Bibliography.